Quem sou.

Eu?
Eu sou um pouco de tudo
Um pouco do que já vivi e um pouco do que ainda vem pela frente
Minha Bossa já não é mais Nova.. está gasta, é usada; vivida!
Sou o Zé do Tom, o Jobim.
Sou samba de enredo, samba de raiz
Frevo, Maracatu embolado, Samba dobrado
Mas também acho que sou Pop, Rock
E disso sou muito mais Reggae.
Congo, Baião.
Encontro em mim o silêncio e também o Jazz
O Blues da solidão
Eu sou um pouco de tudo.
Soul Brasileiro, Rock estrangeiro
Sou Vinícius, Caetano e Geraldo Azevedo
E por que não Hermeto Pascoal e Adoniran Barbosa
Não vejo muito o funk brasileiro
Mas sim Dolores Duran e Leila Pinheiro
O Rio de Janeiro. Micareteiro.
Sou água mansa, onde vez em quando tem ventania.
E assim vou indo, gastando a minha Bossa, meu Choro.
Porque eu sou um pouco de tudo.

Eu sou cansado do trabalho diário
De lavar roupa, de ficar à toa
Livro, leito. Descanso meu pensar.
Mas não sou uma espécie de Cult moderno.
Não tento ser nada, apenas existo e penso.
O que acontece é conseqüência.
Sou Branco, sou Negro.
A mistura perfeita do anis.
Nem doce nem amargo.
Porque eu sou um pouco de tudo.

As gargalhadas, os sorrisos, o pranto
O espanto, que só não me espanta a solidão.
"De ser quem eu sou, de estar onde estou"
E me espanto comigo mesmo.
Não sou igual ao dia anterior.
Tudo o que é rotina me desinteressa. E o que é comum tenho aversão.
Eu gosto do inusitado, do intelecto, da chuva que cai sem aviso prévio
Do que muda constantemente, do inesperado.
A minha metade não tem dois lados iguais.
Porque eu sou um pouco de tudo.

Talvez em cada "pouco" seja incompleto
Mas me sinto forte com tudo isso e mais um pouco
Não adianta chacoalhar, não viro um só.
Porque em mim, de tudo há
Um pouco.

Gustavo Pinheiro