
As nuvens não são barreiras
São vapores, fumaça, negras, brancas.
Elas são esnobes, pairam sobre as nossas cabeças
Pálidas, negras
Resmungam quando não há vento e invejam-nos, por andarmos sem ele.
E nós a invejamos por voarem.
Passamos dentro delas e elas apenas por cima de nossas cabeças
Pálidas, negras
Só combinam com o azul. Contrastam e destacam-se.
Despercebidas no frio, choram a chuva.
Estão à mercê do vento. E nós a mercê de nós mesmos.
E elas invejam-nos.
São temas de músicas
Mas não sabem assobiar.
Pálidas, negras.
Temos a certeza que atrás daquela, bem espessa de tanta inveja
Há o mesmo céu azul.
Atrás das barreiras ainda há o caminho.
Elas me bloqueiam o sol
Tamanha raiva
Raiva sentimos porque elas voam
Pálidas, negras
Talvez quisesse ser nuvem. Voar sem rumo.
Evaporar, fundir no azul
Mas ainda precisaria do vento pra andar
E não passaria por dentro de ninguém
Apenas o avião me cortaria
Pessoas me cortam hoje também
E eu não vôo.
Não queria evaporar, queria somente ser nuvem.
Pálida, negra...